Teoria Crítica Frankfurtiana e Conservadorismos na Educação Brasileira: Impactos na Formação Humana Contemporânea

Introdução

A educação brasileira tem sido palco de intensos debates sobre seu papel na formação de indivíduos críticos e conscientes. Nesse contexto, a Teoria Crítica Frankfurtiana emerge como uma abordagem que propõe uma análise profunda das estruturas sociais e culturais, visando à emancipação humana. Por outro lado, os conservadorismos na educação buscam preservar valores tradicionais, muitas vezes em detrimento de uma reflexão crítica. Este artigo objetiva analisar como essas duas correntes influenciam a formação humana no Brasil contemporâneo, considerando suas implicações sociais, políticas e culturais.

A Teoria Crítica, desenvolvida pela Escola de Frankfurt, destaca-se por sua abordagem interdisciplinar, integrando filosofia, sociologia, psicanálise e outras áreas do conhecimento. Pensadores como Theodor Adorno, Max Horkheimer e Herbert Marcuse propuseram uma crítica à razão instrumental e à indústria cultural, enfatizando a necessidade de uma educação que promova a autonomia e a reflexão crítica. Em contraste, os conservadorismos na educação brasileira têm se manifestado por meio de políticas que buscam limitar a discussão sobre temas como gênero, sexualidade e questões sociais, favorecendo uma visão mais tradicionalista e autoritária.

A relevância deste estudo reside na compreensão dos impactos dessas abordagens na formação dos sujeitos, especialmente em um país marcado por desigualdades sociais e culturais. Ao examinar as influências da Teoria Crítica e dos conservadorismos na educação, busca-se identificar caminhos para uma prática pedagógica que favoreça a emancipação e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.


Teoria Crítica Frankfurtiana

A Escola de Frankfurt, fundada na década de 1920, propôs uma análise crítica da sociedade capitalista, destacando os mecanismos de dominação presentes nas estruturas sociais e culturais. A Teoria Crítica desenvolvida por seus membros, como Adorno, Horkheimer e Marcuse, enfatiza a importância da razão crítica e da autonomia na formação dos indivíduos. Segundo Horkheimer (1979), a teoria crítica visa à transformação da sociedade, não apenas à compreensão dela.

Um dos principais conceitos da Teoria Crítica é a crítica à razão instrumental, que se caracteriza pela busca de eficiência e controle, muitas vezes em detrimento dos valores humanos e sociais. Adorno e Horkheimer (2002) argumentam que a razão instrumental contribui para a alienação dos indivíduos, tornando-os passivos e conformistas. Nesse sentido, a educação deve promover uma reflexão crítica que permita aos sujeitos questionar e transformar as estruturas de poder e dominação.

Outro aspecto relevante é a análise da indústria cultural, que, segundo Adorno e Horkheimer (2002), transforma a cultura em mercadoria, homogeneizando as produções culturais e limitando a capacidade crítica dos indivíduos. A educação, portanto, deve ser um espaço de resistência a essa homogeneização, promovendo a diversidade cultural e a reflexão crítica sobre as influências da mídia e da cultura de massa.


Conservadorismos na Educação Brasileira

Os conservadorismos na educação brasileira têm se manifestado por meio de políticas que buscam preservar valores tradicionais, muitas vezes em oposição a uma educação crítica e emancipatória. Segundo Ribeiro (2010), esses movimentos conservadores têm influenciado a elaboração de currículos e políticas educacionais, promovendo uma visão de mundo que limita a discussão sobre temas como gênero, sexualidade e questões sociais.

Um exemplo dessa influência é o movimento Escola Sem Partido, que propõe a neutralidade política na educação, mas que, na prática, tem sido utilizado para silenciar debates sobre temas considerados polêmicos. Segundo Dantas (2022), esse movimento representa uma tentativa de controle ideológico sobre a educação, restringindo a liberdade de expressão e o pensamento crítico nas escolas.

Além disso, a presença de valores conservadores na educação pode contribuir para a reprodução de desigualdades sociais e culturais, ao desconsiderar a diversidade e as especificidades dos sujeitos. Segundo Sepulveda e Sepulveda (2019), a imposição de uma visão única e tradicionalista pode marginalizar grupos historicamente oprimidos, dificultando sua inclusão e participação plena na sociedade.


Impactos na Formação Humana Contemporânea

A interação entre a Teoria Crítica e os conservadorismos na educação brasileira tem gerado impactos significativos na formação dos sujeitos. Quando predominam práticas pedagógicas alinhadas à Teoria Crítica, os indivíduos são incentivados a desenvolver uma postura reflexiva e crítica, questionando as estruturas sociais e culturais e buscando transformá-las. Segundo Horkheimer (1979), a educação deve ser um meio para a emancipação, promovendo a autonomia e a consciência crítica dos sujeitos.

Por outro lado, a presença de práticas conservadoras na educação pode limitar essa formação crítica, ao promover uma visão de mundo rígida e autoritária. Segundo Ribeiro (2010), esses movimentos conservadores buscam moldar os indivíduos de acordo com valores tradicionais, restringindo sua capacidade de questionar e transformar a realidade. Essa abordagem pode contribuir para a manutenção das desigualdades sociais e culturais, ao desconsiderar a diversidade e as especificidades dos sujeitos.

Portanto, a formação humana contemporânea requer uma educação que equilibre a preservação de valores tradicionais com a promoção da reflexão crítica e da autonomia. Segundo Sepulveda e Sepulveda (2019), é necessário um currículo que contemple a diversidade cultural e social, permitindo aos indivíduos desenvolver uma compreensão crítica da realidade e atuar de forma transformadora na sociedade.


Considerações Finais

A análise da Teoria Crítica Frankfurtiana e dos conservadorismos na educação brasileira revela a complexidade das influências que moldam a formação dos sujeitos. Enquanto a Teoria Crítica propõe uma educação voltada para a emancipação e a reflexão crítica, os conservadorismos buscam preservar valores tradicionais, muitas vezes em detrimento da diversidade e da autonomia. A interação entre essas abordagens tem gerado tensões significativas na prática pedagógica, refletindo-se na formação dos indivíduos e na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

É fundamental que a educação brasileira promova uma abordagem que valorize a diversidade, a reflexão crítica e a autonomia dos sujeitos, permitindo-lhes questionar e transformar as estruturas sociais e culturais. Nesse sentido, a Teoria Crítica oferece importantes contribuições para a construção de uma educação emancipatória, que favoreça a formação de cidadãos conscientes e comprometidos com a transformação social.

Por fim, é necessário um esforço coletivo para superar as limitações impostas pelos conservadorismos na educação, promovendo políticas e práticas pedagógicas que respeitem a diversidade e incentivem a reflexão crítica. Somente assim será possível construir uma educação que contribua efetivamente para a formação humana e para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.


Referências

ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

DANTAS, Diego Fonseca. A educação brasileira em tempos difíceis. Revista Linguagem, Educação e Sociedade, v. 26, n. 50, 2022. Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/lingedusoc/article/download/2873/2754/9597. Acesso em: 30 ago. 2025.

HORKHEIMER, Max. Teoria crítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1979.

RIBEIRO, Luís Távora Furtado. A Teoria Crítica, a Escola de Frankfurt e a Educação. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2010. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/45807/1/2010_capliv_ltfribeiro.pdf. Acesso em: 30 ago. 2025.

SEPULVEDA, José Antonio; SEPULVEDA, Denize. Conservadorismo e seus impactos no currículo escolar. Currículo sem Fronteiras, v. 19, n. 3, p. 868-892, set./dez. 2019. Disponível em: https://ole.uff.br/wp-content/uploads/sites/600/2023/05/conservadorismo-e-seus-impactos-no-curriculo-escolar.pdf. Acesso em: 30 ago. 2025.



Eduardo Fernando

Prof. Eduardo Fernando é Mestre em Educação pela Must University, especialista em Metodologias de Ensino Superior e Educação a Distância. Possui formação em Geografia pela Universidade Norte Do Paraná e Pedagogia pela Universidade Católica de Brasília.

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