Malcolm X: Voz Indomável da Resistência Negra


Sabe quando a gente ouve um nome e imediatamente sente que há uma história poderosa por trás? Malcolm X é um desses nomes. Não é só sobre militância, política ou religião. É sobre identidade. Sobre encontrar-se no meio de um mundo que tenta constantemente apagar sua origem. É sobre gritar "basta!" quando tudo ao seu redor sussurra "conforme-se".


É curioso pensar como um garoto chamado Malcolm Little, filho de um pastor batista que lutava pelos direitos dos negros e foi morto por isso, viria a se tornar um dos ícones mais controversos – e ao mesmo tempo essenciais – da luta negra nos Estados Unidos. Ele não nasceu pronto. Ninguém nasce. Mas foi forjado no fogo da dor, do racismo brutal, da marginalização.


Da Marginalidade ao Islã: Um Caminho de Transformação


Durante anos, Malcolm viveu à margem. Entrou no crime, foi preso, e lá, na cadeia, encontrou uma nova visão de mundo ao se converter ao Islã, por meio da Nação do Islã (Nation of Islam). Parece contraditório que um lugar de repressão tenha sido também um espaço de renascimento, mas a vida é cheia dessas ironias.


Foi ali, lendo compulsivamente e refletindo sobre a condição dos negros nos EUA, que Malcolm renasceu. Quando saiu da prisão, já não era mais o mesmo homem. E fez questão de deixar isso claro ao abandonar o "Little" – sobrenome herdado dos escravizadores – e adotar o "X", símbolo do nome africano perdido durante a escravidão.


Uma Retórica Incendiária, Mas Necessária


"Por qualquer meio necessário". Essa frase ainda ecoa. Para alguns, era ameaça. Para outros, libertação. Malcolm X se destacou por sua oratória afiada, firme, incômoda. Enquanto Martin Luther King Jr. pregava a resistência pacífica, Malcolm falava de autodefesa, de orgulho racial, de combater o racismo com coragem.


Muitos o viram como radical. Talvez fosse. Mas às vezes é o radical que move montanhas. Em um país onde negros eram linchados, segregados, humilhados... será que pedir "por favor" bastaria?


Uma Nova Perspectiva Após Meca


Em 1964, uma viagem mudou tudo. Malcolm foi a Meca, na Arábia Saudita, e lá teve uma experiência que transformou sua visão. Pela primeira vez, viu muçulmanos de diferentes etnias convivendo em harmonia. Isso o fez romper com a Nação do Islã e fundar a Organização da Unidade Afro-Americana. Agora, pregava um antirracismo mais amplo, mais global, e via na solidariedade entre os povos o caminho da libertação.


A retórica mudou, suavizou. Mas a essência permaneceu: lutar por justiça.


O Preço de Ser Incômodo


Malcolm sabia que era um alvo. “Se você não estiver pronto para morrer por isso, tire essa palavra ‘liberdade’ da sua boca.” Essas palavras são duras, não são? Mas mostram o nível de comprometimento que ele tinha com a causa.


No dia 21 de fevereiro de 1965, aos 39 anos, Malcolm X foi assassinado em Nova York. Três membros da Nação do Islã foram responsabilizados. Irônico ou trágico? Talvez os dois.


O Legado que Não Se Cala


Mesmo morto, Malcolm X não foi silenciado. Seu nome é gritado em protestos, citado em músicas, relembrado em salas de aula. Ele virou símbolo de uma luta que ainda está longe de terminar. E talvez seja isso que mais incomoda: o fato de suas denúncias continuarem tão atuais.


Será que estamos ouvindo, de verdade, o que Malcolm X tentou dizer ao mundo?



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Referências Bibliográficas (ABNT)


DYSON, Michael Eric. Malcolm X: A Life of Reinvention. New York: Viking, 2011.


HALEY, Alex. A Autobiografia de Malcolm X. São Paulo: Record, 2004.


MARABLE, Manning. Malcolm X: Uma vida de reinvenção. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.


GATES JR., Henry Louis. Faces da Liberdade: A história de Malcolm X. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.


Questões 


1. Qual foi o principal motivo de Malcolm X adotar o sobrenome “X”?

A) Homenagem ao pai falecido

B) Influência do Islã

C) Rejeição ao nome herdado da escravidão

D) Nome dado pela Nação do Islã

Gabarito: C

Comentário: O "X" simboliza o nome africano perdido devido à escravidão.


2. Antes de se tornar ativista, Malcolm X:

A) Foi professor universitário

B) Trabalhou como advogado

C) Envolveu-se com o crime e foi preso

D) Viveu em Meca com líderes islâmicos

Gabarito: C

Comentário: Ele passou anos preso, onde começou sua transformação intelectual.


3. Malcolm X foi assassinado:

A) Durante uma viagem a Meca

B) Em um comício em Nova York

C) Por policiais norte-americanos

D) Na prisão

Gabarito: B

Comentário: Ele foi morto durante uma palestra no Audubon Ballroom, em NY.


4. Qual foi a grande transformação após a viagem de Malcolm X a Meca?

A) Abandonou a luta antirracista

B) Tornou-se cristão

C) Passou a defender a convivência entre raças

D) Rompeu com Martin Luther King

Gabarito: C

Comentário: Em Meca, viu a possibilidade de fraternidade entre diferentes etnias.


5. Malcolm X acreditava que os negros deveriam:

A) Integrar-se à sociedade branca sem resistência

B) Defender-se e lutar, se necessário, com firmeza

C) Seguir apenas o caminho da não-violência

D) Mudar-se para a África

Gabarito: B

Comentário: Ele defendia a autodefesa e o orgulho racial.


6. Qual destas organizações foi fundada por Malcolm X após seu rompimento com a Nação do Islã?

A) Movimento dos Direitos Civis

B) Frente Negra Unida

C) Organização da Unidade Afro-Americana

D) Black Lives Matter

Gabarito: C

Comentário: A Organização da Unidade Afro-Americana (OUAA) visava unir negros globalmente.


7. A retórica de Malcolm X era marcada por:

A) Ponderação e diplomacia

B) Tom conciliador e pacifista

C) Discurso agressivo e direto

D) Negação do racismo estrutural

Gabarito: C

Comentário: Seu discurso era direto, firme e por vezes considerado radical.


8. Qual escritor colaborou com Malcolm X para escrever sua autobiografia?

A) James Baldwin

B) Alex Haley

C) Toni Morrison

D) Langston Hughes

Gabarito: B

Comentário: Alex Haley ajudou a escrever A Autobiografia de Malcolm X.


9. A Nação do Islã defendia:

A) Integração racial

B) Cristianismo como religião dos negros

C) Separação entre brancos e negros

D) Fim das religiões no geral

Gabarito: C

Comentário: A Nação do Islã promovia a separação racial e o orgulho negro.


10. O que representava a frase “por qualquer meio necessário”?

A) O uso de armas em protestos

B) A defesa da liberdade a qualquer custo

C) Uma proposta de golpe militar

D) Um apelo à submissão negra

Gabarito: B

Comentário: Era o chamado de Malcolm X à liberdade e justiça, mesmo com confronto.

Eduardo Fernando

Prof. Eduardo Fernando é Mestre em Educação pela Must University, especialista em Metodologias de Ensino Superior e Educação a Distância. Possui formação em Geografia pela Universidade Norte Do Paraná e Pedagogia pela Universidade Católica de Brasília.

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