A Importância da Educação Socioemocional no Ensino Fundamental: Uma Revisão de Literatura
Resumo
Este artigo de revisão tem como objetivo apresentar um panorama teórico sobre a importância da educação socioemocional no Ensino Fundamental. A partir da análise de estudos nacionais e internacionais, buscou-se compreender como o desenvolvimento de competências socioemocionais contribui para o processo de ensino-aprendizagem, o bem-estar dos estudantes e a construção de ambientes escolares mais saudáveis. Os resultados da revisão indicam que a integração das habilidades socioemocionais ao currículo escolar tem impacto positivo no desempenho acadêmico, na redução de conflitos e na formação integral do estudante.
Palavras-chave: Educação socioemocional; Ensino Fundamental; Aprendizagem; Habilidades socioemocionais; Ambiente escolar.
1. Introdução
A escola contemporânea enfrenta desafios cada vez mais complexos que vão além do ensino de conteúdos acadêmicos. O aumento de casos de ansiedade, bullying, dificuldades de convivência e desmotivação escolar demonstra a necessidade de uma abordagem mais ampla, que considere os aspectos emocionais e sociais no processo educacional. Nesse contexto, a educação socioemocional surge como uma resposta potente e urgente.
Diversos países, inclusive o Brasil, têm buscado incluir as competências socioemocionais nos currículos escolares, reconhecendo sua importância para o desenvolvimento integral dos alunos. Entretanto, ainda existem muitos questionamentos sobre como essa abordagem deve ser implementada e quais são seus reais impactos na aprendizagem.
Este artigo tem por finalidade revisar a literatura sobre o tema, explorando conceitos, experiências e resultados de pesquisas que analisam a aplicação da educação socioemocional no Ensino Fundamental. A intenção é oferecer um panorama teórico que subsidie práticas pedagógicas mais integradas e humanas.
2. Referencial Teórico
A educação socioemocional pode ser compreendida como o desenvolvimento de habilidades que permitem aos indivíduos reconhecer, compreender, expressar e regular emoções, além de estabelecer relações saudáveis e tomar decisões responsáveis (CASEL, 2020). Essa abordagem valoriza o aluno como sujeito integral, articulando razão e emoção na construção do conhecimento.
De acordo com Goleman (1995), as emoções influenciam diretamente a atenção, a memória e o raciocínio, sendo fundamentais para a aprendizagem. Assim, escolas que investem em programas socioemocionais tendem a observar melhorias no clima escolar, na disciplina e na performance dos alunos.
Pesquisadores como Damásio (2004) e Gardner (1994) também reforçam a ideia de que a inteligência humana é plural, e que habilidades como empatia, autocontrole e resiliência são tão importantes quanto o domínio de conteúdos tradicionais. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) brasileira, implementada em 2017, oficializou a importância dessas competências no ensino, ampliando o debate no país.
3. Metodologia
Este estudo caracteriza-se como uma revisão bibliográfica, de natureza qualitativa, com base em obras científicas e documentos oficiais publicados entre os anos de 2000 e 2023. A seleção das fontes foi realizada a partir de bases como Scielo, Google Scholar, ERIC e Periódicos CAPES, utilizando descritores como “educação socioemocional”, “Ensino Fundamental” e “aprendizagem emocional”.
Os critérios de inclusão envolveram: textos em português, inglês ou espanhol; publicações em periódicos científicos revisados por pares; e abordagens teóricas ou empíricas sobre o tema. Foram excluídos artigos que tratavam exclusivamente de educação infantil ou ensino superior.
Após leitura e análise dos textos selecionados, as principais ideias foram organizadas em eixos temáticos para facilitar a compreensão dos achados da literatura.
4. Resultados e Discussão
Os estudos revisados apontam para uma forte correlação entre educação socioemocional e melhoria da aprendizagem. Programas implementados em países como Estados Unidos, Finlândia e Chile mostraram que, quando bem conduzidas, as atividades socioemocionais reduzem a evasão escolar, aumentam o engajamento dos estudantes e promovem o respeito mútuo em sala de aula.
Outro ponto observado é a necessidade de formação continuada dos professores. Muitos docentes relatam insegurança ou desconhecimento sobre como trabalhar essas habilidades em suas práticas cotidianas. A literatura sugere que ações integradas entre gestores, educadores e famílias são fundamentais para o sucesso de iniciativas socioemocionais.
Além disso, foi notada uma escassez de pesquisas longitudinalmente estruturadas no Brasil, o que dificulta a avaliação dos efeitos em médio e longo prazo. No entanto, estudos de curto prazo já demonstram efeitos positivos significativos na autorregulação dos alunos e na resolução de conflitos.
5. Considerações Finais
A educação socioemocional vem se consolidando como uma necessidade na formação dos estudantes do século XXI. Ao considerar o ser humano em sua totalidade, ela amplia as possibilidades pedagógicas e contribui para a construção de um ambiente escolar mais justo, colaborativo e eficaz.
É importante que gestores educacionais incentivem e sustentem políticas públicas que contemplem tais abordagens, com investimentos em formação docente e avaliação contínua. A escola deve ser um espaço de aprendizagem emocional tanto quanto cognitiva.
Conclui-se, portanto, que investir em educação socioemocional é uma estratégia inteligente e necessária para o futuro da educação. A revisão realizada neste artigo reforça o papel transformador que ela pode desempenhar, desde que implementada com sensibilidade, planejamento e compromisso coletivo.
Referências
CASEL – Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning. What is SEL? 2020. Disponível em: https://casel.org/what-is-sel/. Acesso em: 18 abr. 2025.
DAMÁSIO, Antonio. Emoção e razão: o cérebro emocional. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artmed, 1994.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.
